segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Sem motivos para se orgulhar

'As pessoas só gostam da polícia quando percebem que vão entrar em uma enrascada'. A frase do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura da 1ª Conferência Nacional de Segurança (Conseg), em Brasília, semana passada, atinge em cheio a alma dos policiais

civis e militares. E mais: o reflexo da baixa autoestima do policial é tão grande que supera a justa reivindicação de melhores salários. Pesquisa inédita do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, encomendada pelo Ministério da Justiça, constata que os agentes estão com os brios abalados.

Os policiais trafegam entre a linha tênue que separa o vilão de herói. Essa posição gera discriminação, como mostram os números da pesquisa em que 64.130 servidores responderam a questionário com 41 perguntas sobre a profissão. Pelo menos 66,8% dos oficiais da PM disseram ter sofrido preconceito por causa da profissão. Os agentes da Civil não ficaram atrás: 62,4%.

"O policial quer ser reconhecido.Isso motiva, mexe com o orgulho. Essa questão vai além da salarial. Agora, você vale quanto pesa e tem que ter um bom salário", avalia o chefe de Polícia Civil, Allan Turnowski.

A falta de orgulho atinge até a relação pai e filho e acaba com o dito popular de que 'filho de peixe, peixinho é'. De acordo com a pesquisa, 58% dos praças e oficiais da PM e de agentes e delegados da Polícia Civil não querem que os filhos sigam seus passos na profissão. No Rio, o comandante da PM, Mário Sérgio Duarte, adotou um corpo a corpo, entre outras medidas, para levantar o moral da tropa. "Criamos um canal de comunicação com os policiais, como um programa de assistência psicológica", afirmou.

RELAÇÃO ESQUIZOFRÊNICA

Para a presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ, Margarida Pressburguer, o policial é humilhado desde quando opta pela carreira. "Eles são mal vistos pela população, que acha que todos são corruptos. Isso fere os direitos humanos", alerta.

Presidente da Comissão de Segurança da Alerj, o deputado estadual Wagner Montes (PDT) frisa que não é só a sociedade que não reconhece a importância do policial, o estado também. "É o único que não tem direito a presunção da inocência", critica. Para a cientista social Sílvia Ramos, uma das responsáveis pela pesquisa, a relação da sociedade com a polícia é esquizofrênica: "Ao mesmo tempo que ela precisa, despreza.

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